(R.PERELLÓ)
Quem é da rua sabe tudo que se passa nela, o aprendizado me ensinou a a andar com cautela. Entre vielas e becos encontro mentiras, verdades, uns são na nóia, outros de boa, eu faço minha parte.
Um mensageiro que ultrapassa a fronteira do rap, mandando verso, manifesto contra toda a bad. Jáh me protege, pouco sabe qual o meu caminho, não é por moda, nem por fama o bagulho é meu vício.
Desde o início teve esforço, veio a recompensa, vários escutaram o som disseram que tem eloquência.
Dedicação, estudo a vida, vivo até no sonho, me mantenho acordado pois não acredito em conto.
Ganhando ponto, evoluindo, passando de fase, várias das inimizades quer me ver cair mais tarde.
Corpo fechado, tá tranquilo, livre raciocínio, respeite pra ser respeitado porque eu vou indo.
Na direção do sol a meta é felicidade, cultive a paz, plante o amor, pense nas amizades.
A rua é nóis, mas muitas vezes é da trairagem, cotidiano meio insano, obscuridade.
Por isso pare e observe na bola do olho, quem é leal e te proteje na hora do sufoco, socorro.
Sei que são poucos a lutar comigo, vários porcento nessa hora vira só menino. Que vive se dizendo "foda" o malandro da esquina, tá nessa porra por status, copia minhas gírias.
Quer vestir oque eu visto, mas pano não é conduta. A sua cabeça tá vazia, enquanto a minha flutua na lua, sempre em busca de novas idéias, buscando sempre inspiração pra rimar coisa séria.
Sou suburbano, não preciso de alguma platéia, tá no meu sangue desde o berço, o bagulho é as véra.
Isso é o RAP, um prazer que é incomparável, acompanhado ou sozinho eu nunca me afasto.
Minha doutrina, microfone deixa no meu nome a responsabilidade não de guri, mas de homem.
(ZUDIZILLA)
Trago a humildade de quem cresceu na cidade descalso ocupando espaço que certamente nem era pra ser meu, não sou bem quisto e nem bem visto pois conquisto e me divirto com o que eu faço enquanto os cara pra ser isso tem trabalho dobrado. Resultado dá falha, toda vez que tentar é não, simulador de voô não te tira os pés do chão. Ponho a baixo milhares de fantasia, meu rap é exatamente igual a uma porta de cinza. Eu deixo a voz que predomine, onde muitas não chegaram, ficaram no caminho, se não desistiram, dobraram, pegaram atalhos que nem sempre facilitam a estrada. Eu nunca quis ser igual aos cara, que tão morrendo por nada. Eu fiz pelas calçada oque eu achei que deveria, e que se eu não fizesse mais ninguém faria; não do meu jeito. Não com todo sentimento que eu empenho, em cada letra que eu me comunico sem explicação.
Eu canto com o coração pra quem precisa, com a mente pra quem critica, pra quem me analisa eu nem canto nada.
Respondo com silêncio pra quem me questiona, calmo como Dalai Lama, pressão não funciona.
Suas preocupações inuteis fogem da minha linha, eu dô meu sangue em cada mínimo milimetro de tinta que eu despejo, nada do que escrevo é devaneio. Não quero ser um sonhador porque disso o mundo tá cheio..
Repleto de tentativas, carente de quem acerte, a rua não me fez dono de nada, me fez um mestre
Assim, como qualquer religião exige entrega total, normal que em cada esquina também fosse igual.
Pensava oque? É longo e lento esse processo, meio esforço não vai te trazer todo o sucesso. Sou aplicado nas lições que a vida traz pra mim, cada dificuldade vai fazer valer, no fim de tudo eu contei comigo, e só eu sei que tenho amigo, só que quando eu precisei de abrigo eu me vi só, eu e o rap. Entre bulbo e clap da madruga, o beat que repete a idéia que flutua.
No silêncio até posso ouvir meus pensamentos, processando um verso novo pra poder encaixar no sample.
Na esperança que a rua levante a voz porque, a Sandy não vai vir aqui reclamar por nóis.
É tanta coisa pra dizer que não cabe num som, mas quem é da rua sabe, então tá bom.
(REFRÃO- POK SOMBRA)
Não tem porque eu mudar meu som, dinheiro até que é bom, mas não vai me comprar (não, não, não)
Eu não posso renegar meu dom, nego é sweet home. Quem é da rua sabe aonde vai porque êê...